Evoluir é necessário. Inovações sempre são bem vindas. Mas inovar também pode ser um problema para uma empresa. Nesta terça, a Apple apresentou seu novo iPhone, o 4S. O produto é uma evolução do iPhone 4, com novo processador (o mesmo do iPad 2), que o torna até sete vezes mais rápido, câmera melhorada e um novo sistema de reconhecimento de voz.
Design do iPhone 4S é igual ao do iPhone 4.
Mas, mesmo o 4S sendo consideravelmente superior ao 4, a reação do público foi de decepção. Por quê?
A Apple, nos últimos anos, se consolidou como uma companhia inovadora. Cada produto novo busca quebrar um paradigma. E as constantes novidades, como iPod, iPhones e iPads deixaram o público “mal acostumado”. Quando a Apple convidou a imprensa para uma coletiva denominada “vamos falar de iPhone”, todos esperava o novíssimo e revolucionário iPhone 5. E como este não veio, a frustração do público ofuscou a apresentação do novo produto.
Tim Cook, no papel de CEO pela primeira vez.
O iPhone 4S pode não ser o esperado 5, mas é uma boa máquina. E, por mais que a Apple seja uma empresa inovadora, não me parece lógico, do ponto de vista comercial, lançar o 5 agora, somente 15 meses depois do lançamento do 4. O custo de desenvolvimento de um produto do porte do iPhone 4 é elevado, e a Apple pode – e deve – lucrar o máximo possível com esta tecnologia antes de partir para a próxima, que com certeza já está em desenvolvimento. A estratégia de mudar a tecnologia em um momento e evolui-la no seguinte é bastante comum no mundo da produção, pois mantém o produto competitivo enquanto possibilita maiores ganhos para a empresa.
Por hora, sem grandes inovações como a da projeção acima.
A estratégia comercial da Apple provou altos e baixos esta semana: a empresa entrou, pela primeira vez, na lista das dez marcas mais valiosas do mundo, segundo a consultoria Interbrand. Conforme a lista, a Apple foi a empresa que mais se valorizou entre 2010 e 2011. Ontem, porém, logo após o anúncio do 4S, as ações da empresa caíram 3%.
Uma vez que se estabelece um padrão, o desafio é manter o nível. Talvez este seja o principal legado e desafio deixado por Jobs para Apple: a constância. E o 4S, apesar de momentaneamente marginalizado e de ter sido apresentado por Tim Cook, provavelmente é o último Apple de Steve Jobs, que perdeu sua luta contra o câncer esta semana.
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