Thiago Silva, a melhor escolha possível para capitão da Seleção na Olimpíada da Inglaterra. Bem ao contrário do desinteressado e apático Ronaldinho Gaúcho e seu celular em 2008…

cosme rimoli,

Manchester...

O grande acerto de Mano Menezes na Olimpíada é Thiago Silva.

Ele é o capitão ideal para esse time improvisado e desentrosado que o Brasil trouxe.

E com a obrigação de conseguir o ouro.

Diante da falta de um planejamento sério, racional da CBF, o zagueiro compensa a bagunça.

Orienta, acalma a equipe.

E ainda sabe como incendiar o grupo psicologicamente.

Antes da partida contra Honduras ele se mostrou maquiavélico.

Thiago Silva trouxe a indesejada medalha de bronze que ganhou em Pequim.

Apesar de jovens, os atletas aprenderam a vida inteira que o terceiro lugar em uma competição é uma derrota.

Ainda mais com a Seleção Brasileira.

É um vexame.

O zagueiro trouxe entre as suas coisas a medalha de bronze.

Ele, como muitos atletas que estiveram com Dunga na China, também não considera um símbolo de vitória.

Muito pelo contrário.

Os faz lembrar que foram humilhados pela Argentina de ouro de Leonel Messi.

E antes da partida contra Honduras mostrou o objeto que representava a derrota.

Foi bem claro.

"Disse que vim para a Inglaterra para conseguir bem mais do que tinha conseguido em Pequim.

E que a medalha de bronze eu já tinha."

Lógico que a visão da medalha mexeu com os jogadores.

Eles entraram com muito mais vontade.

De conseguir o ouro e também agradar seu capitão.

Thiago Silva retribui e valoriza demais o grupo que está na Inglaterra.

Sabe usar muito bem o cargo de confiança que ganhou de Mano.

"Olimpíada não é nada fácil.

Se fosse, o Brasil já teria ganho.

Vários grupos disputaram e não conseguiram vencer.

Os coreanos podem estar lutando para não prestar o serviço militar.

Mas não vão correr a mais do que nós.

E muito menos mostrar mais vontade.

Ninguém tem mais vontade de vencer a medalha de ouro do que nós."

Vontade ele entende bem.

Thiago Silva teve um caso gravíssimo de pneumonia.

Ela não foi diagnosticada no Porto.

Os médicos não perceberam que doença ele tinha.

Acreditavam que fosse mais um brasileiro que não conseguiu se adaptar ao pesado futebol europeu.

Sua gripe constante e falta de força nos treinos, o fez ser despachado rapidamente ao Dínamo de Moscou.

Lá tudo o que era ruim ficou insuportável

Com neve e frio constante, o jogador não só quase encerrou a carreira.

Como correu risco de vida.

Quase perdeu um pulmão.

Não conseguia andar, tinha terrível dificuldade para respirar.

Abandonado em um hospital em Moscou, seu empresário o resgatou.

O levou de volta para Portugal, onde finalmente descobriram a doença.

Mas ele perdeu muito tempo.

Ficou debilitado.

Teve de se esforçar muito para voltar a ter força para ser jogador profissional.

"Tudo isso me fortaleceu.

Sei o quanto vale uma partida de futebol.

Uma vitória.

A doença mudou a minha vida, a minha personalidade."

Ele não esconde de ninguém o quanto ficou frustrado com a medalha de prata na China.

"Foi terrível perder para a Argentina nas semifinais.

Nós sabíamos que o time deles era muito superior ao nosso.

Só que não conseguimos nem lutar como deveríamos.

Isso eu não me conformo.

Eles ganharam da gente de uma maneira muito fácil.

Faltou decisão, aplicação.

Chegar à medalha de bronze não é foi uma boa sensação.

O futebol brasileiro merece muito mais."

Thiago Silva defende com unhas e dentes o grupo que comanda aqui na Grã Bretanha.

"Esta é uma seleção com muito desejo de vencer.

Tem potencial e também a vontade de dar certo.

De não só ganhar a medalha de ouro como ser a base da Seleção da Copa do Brasil.

É bem diferente de quatro anos atrás."

Ético ele não revela o desinteresse principalmente da grande estrela daquele time.

Ronaldinho Gaúcho, que chegou a falar no celular enquanto recebia a sua medalha de bronze.

Dunga escolheu o apático e egocêntrico meia como capitão de 2008.

Ele foi o símbolo do descompromisso brasileiro.

Inspirado no desleixo do jogador Thiago Silva faz o contrário

Mostra como é honrar o posto de capitão da Seleção.

E tratou de resolver um problema grave para o time: enquadrar Neymar.

Foi ele que, logo após a estreia contra o Egito, o chamou para uma conversa dura.

Deixou claro que ele tinha de jogar pela Seleção e não se exibir para os torcedores.

Não atrapalhar o time tentando dribles desnecessários.

Depois daquela partida e da cobrança do capitão, Neymar mudou.

E se tornou um atleta muito mais produtivo para a Seleção, para Mano.

Com a estrela domada pelo capitão, o grupo se uniu.

Os demais jogadores perceberam que se Neymar não teria privilégios, todos teriam de desdobrar.

E é o que está acontecendo aqui na Grã Bretanha.

"Eu só posso garantir que vontade não falta neste time.

Vamos dar tudo e mais um pouco contra a Coréia do Sul.

Nos desdobrar em campo.

Porque as pessoas falam muito que a Olimpíada é fácil.

Se fosse, tantas Seleções Brasileiras, tantas estrelas já teriam vencido.

A competição é pesada, rápida, tensa.

Não admite falha.

E o Brasil é cobrado demais sempre.

Mas desta vez, está pronto para as cobranças.

Eu já falei para todos os jogadores.

Quero ir além desta medalha de bronze eu tenho.

Quero muito mais.

O Brasil merece muito mais.

E vamos buscar."

Mano não poderia ter escolhido alguém melhor para dar a braçadeira.

A última preocupação de Thiago Silva é saber se tem sinal para celular nos gramados ingleses...