quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Meia Noite em Paris...


“Nenhum tema é ruim se a história é verdadeira, se a prosa é limpa e honesta e se ela confirma coragem e graça sob pressão.” A frase, dita em certo momento de Meia Noite em Paris por Ernest Hemingway a Gil (Owen Wilson) ilustra bem esta produção de Woody Allen, confirmando que os ares europeus fizeram muito bem ao diretor que se renovou, sem, contudo, abandonar sua essência.

O protagonista Gil é um roteirista de sucesso em Hollywood que quer se tornar um escritor e está de passagem em Paris com sua noiva e sogros. Sem mais nem menos, seguindo a cartilha do realismo fantástico, Gil pega carona (à meia-noite, daí o nome do filme) com o simpático casal Fitzgerald e viaja a uma onírica e boêmia Paris dos anos 20, com direito a outros escritores como o próprio Hemingway, músicos como Cole Porter e outros artistas como Salvador Dalí, Picasso, além do cineasta Luis Buñuel.

É nessa antiga cidade da luz que Gil tem a oportunidade de ter seu livro apreciado pela escritora e poeta Gertrude Stein (Kathy Bates). E é na casa da poetisa que ele se encanta pela enigmática Adriana (Marion Cotillard), que poderá mudar os rumos da sua vida.

Tirando a viagem no tempo, a história central é uma estrutura arquetípica de Woody Allen: escritor maduro (como em Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos e tantos outros filmes do diretor) em crise com a atual companheira se apaixona por outra mulher. Mas o que torna grandioso Meia-Noite em Paris é a forma como ele consegue abordar um tema recorrente de forma extremamente bem humorada e romântica.

O Gil de Owen Wilson é uma das melhores versões do alterego de Woody Allen, até mesmo pelo encantamento dos artistas do início do século XX, incluindo Cole Porter do qual o diretor é fã declarado. E esse “perdido” personagem que precisa reviver a nostalgia de um tempo que não é seu para se reencontrar percebe, a duras penas, que não poderia viver no passado, até porque o seu “novo” amor é uma versão feminina de si mesmo. É no presente que ele precisa viver. E tão importante quanto o "quando" é o "onde" e o "com quem".

Interessante como apesar de a viagem no tempo mais fantástica tenha sido realizada por Gil, ele não é o único. Ele e Adriana viajam para o século XIX e um detetive vai parar em uma época ainda mais remota. No entanto, seu sogro também é preso ao passado conforme é demonstrado em sua postura conservadora republicana. Sua noiva também, de certa forma, viaja ao passado ao cair novamente na lábia pedante de seu ex-namorado.

Meia-Noite em Paris é uma ode ao passado e ao presente. O passado é pra quem sabe sonhar e o presente, para quem sabe viver. E esta obra-prima de Woody Allen é pra quem sabe apreciar o que há de bom em tudo isso!






hommer

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