cosme rimoli,
Morumbi...
O Brasil venceu a África do Sul.
Vitória magra, irritante.
1 a 0 e olhe lá...
Mas pagou seus pecados.
O time foi xingado, vaiado, ofendido.
São Paulo mostrou o que pode ser o clima da estreia da Copa.
Apoio irrestrito, a seleção nunca teve e nunca terá por aqui.
E foi o sofrimento que todos esperavam.
Graças a um capricho de José Maria Marin, a seleção veio ao Morumbi.
O palco era o menos indicado para o retorno do time depois da perda da Olimpíada.
Mas era uma questão de mostrar quem dá as cartas na CBF.
São Paulo pode ser o quintal de Marin, mas não é da seleção.
Já virou tradição as vaias com que o Estado recebe o Brasil.
Isso com o time bem montado, estruturado, com grandes jogadores.
Pelé, Rivellino, Garrincha, Zico, Romário, Ronaldo e tantos outros passaram por vexames.
Não seria diferente nesta seleção confusa e com quase 90 convocações.
Mano Menezes não conseguiu dar uma estrutura tática definida ao time.
Não se cansa de fazer experiências.
Depois da prata com a seleção olímpica, chegou a hora de montar uma equipe.
Buscar um time para a disputa da Copa do Mundo em 2014.
Para enriquecer a CBF, a equipe excursiona.
A 1 milhão de dólares livres, faz amistosos pelo mundo.
Das 34 partidas sob o comando de Mano, o time atuou quatro vezes no País.
Teve de voltar agora.
Marin jogou o time no Morumbi.
O adversário foi escolhido com cuidado.
A fraca África do Sul.
O time está se reestruturando.
A Copa de 2010 não adiantou nada.
A geração continua fraca, sem resultados significativos.
O treinador sul-africano Gordon Igesund havia avisado.
Seu time está se reestruturando, procurando um rumo.
Por isso ocupa a 67ª posição no ranking da Fifa.
Ele tratou de montar seu time com duas linhas de quatro.
E dois jogadores na frente.
Sonhava com um contragolpe encaixado.
Mano tentou agradar.
Montou uma equipe ofensiva.
Para tentar agradar à torcida.
E acalmar os críticos.
Neymar, Oscar, Lucas, Leandro Damião.
O quarteto ofensivo.
Sustentado por Ramires, Daniel Alves e Marcelo.
Seu plano de jogo era simples.
Marcação na saída de bola dos africanos.
E tabelas em velocidade.
Neymar e Oscar liberados para se revezar.
Entre a ponta esquerda e a armação das jogadas.
Os laterais livres para apoiar como pontas.
Na prática, tudo lindo.
Só que dentro de campo não deu certo.
A começar por Daniel Alves.
Ele resolveu jogar como meia.
E embolou o meio de campo.
Acabou roubando, atrapalhando Oscar.
Neymar tentava resolver o jogo sozinho.
E pior: simular faltas.
Assim como Lucas, atuando no seu Morumbi.
A bola praticamente não chegava em Leandro Damião.
O time inseguro, não tinha criatividade e personalidade para se impor.
Os africanos foram ficando cada vez mais atrevidos, confiantes.
Com o tempo passando, a paciência acabou.
As vaias não demoraram.
Como as ofensas.
O alvo era o melhor jogador brasileiro.
"Neymar pipoqueiro.
Neymar pipoqueiro."
E um pedido irônico, puro protesto.
"Luís Fabiano, Luís Fabiano."
O veterano atacante não estava nem convocado.
Era uma crítica a Leandro Damião, que nada fazia.
O primeiro tempo foi truncado, feio.
O Brasil teve duas grandes chances.
A primeira em uma cabeçada de Dedé, que o goleiro Khune defendeu.
A outra foi um chute forte de Rômulo, que ele rebateu com o peito.
Em compensação, a melhor oportunidade, a mais clara, foi africana.
Gaxa tabelou com Nolovu, invadiu a área como quis.
Mas chutou fraco, sozinho nas mãos de Diego Alves.
O primeiro tempo terminou sob vaias, palavrões dos paulistas.
Mano sabia que precisava mudar o time no segundo tempo.
O que sua seleção mostrou foi mais do que decepcionante.
Logo entraram Paulinho e Hulk.
O jogo começou a fluir.
Assim como os africanos a cansar.
Aos 27 minutos, Mano foi xingado de burro pelo estádio inteiro.
Trocou Lucas por Jonas.
Mas a estrela do técnico brilhou.
Logo dois minutos depois.
Hulk pegou uma bola espirrada na grande área sul-africana.
Bateu forte, sem dó, com ela no alto.
Gol do Brasil, aos 29 minutos do segundo tempo.
O time de Mano levou 74 minutos para conseguir marcar um gol nos fracos africanos.
A torcida se esqueceu do fraco futebol que assistia e até vibrou com o gol.
Comemorou.
Com o gol, a seleção ficou um pouco mais confiante.
E ágil.
A presença de Paulinho deu um vigor importante no meio de campo.
Mais agilidade.
Em compensação, quem continuou jogando muito mal foi Neymar.
Se atirava ao chão em qualquer dividida.
Ele precisa ser orientado.
Seu talento está sendo desperdiçado pela irritante mania de simular faltas.
Ao ser substituído no final da partida, recebeu dois minutos de vaias e palavrões.
São Paulo viu o quanto a seleção de Mano está atrasada na preparação para 2014.
E o quanto esta geração precisa amadurecer.
Este time está longe de ter o direito de sonhar em ganhar uma Copa.
E vaiou muito.
Como vaiou...
Principalmente Mano Menezes...
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