cosme rimoli,
Em setembro de 2006, Tite lembra muito bem onde estava.
Era treinador do Palmeiras.
O time fazia péssima campanha no Brasileiro.
E, no modo de entender do treinador, o clube era prejudicado pela arbitragem.
Ele reclamou com os repórteres, alegando uma 'perseguição'.
Foi veemente depois da derrota por 3 a 2 para o Santa Cruz.
O então diretor de futebol, Salvador Hugo Palaia foi direto.
"Meu conselho é que ele cale a boca.
O Palmeiras jogou um futebol medíocre."
Tite quando soube o que Palaia falou pediu demissão.
Na volta da delegação, torcedores organizados estavam no aeroporto.
O time se recusou a passar pela torcida.
Menos o demissionário Tite.
Ele sabia que as organizadas eram muito próximas de Palaia.
Mesmo assim, teve coragem.
Saiu entre os torcedores.
Foi xingado, humilhado, ridicularizado.
Ele nunca se esqueceu do episódio.
Nesses seis anos, foi sondado algumas vezes para voltar ao Palestra Itália.
Sempre cortou as conversas pela raiz.
Demonstrou que não tem interesse em um retorno.
Desde então, todos os jogos contra o clube são especiais para ele.
Como será o de domingo.
Mesmo se o treinador for suspenso hoje, Tite quer a vitória de qualquer maneira.
Ele e seus jogadores estão entusiasmados com o clássico de domingo.
Além desse caso particular de Tite, os atletas não se esquecem de 2010.
Quando o time tinha muita chance de ser campeão do Brasil.
Manteve uma disputa dura, acirrada com o Fluminense.
Até que veio a partida entre o time carioca e o rival do Palestra Itália.
O time que era dirigido por Felipão não lutou como sempre.
Na Arena Barueri, diante do pedido de sua torcida, acabou perdendo o jogo.
O resultado facilitou a vida do time carioca.
O título escapou do Corinthians.
No Parque São Jorge ninguém fala abertamente.
Mas entre os jogadores há a certeza que o Palmeiras não se empenhou para ganhar.
Não tinha nada a perder.
Só prejudicar o Corinthians.
Isso ninguém esquece.
O sentimento do time é mesmo de muita vontade de afundar o Palmeiras.
Vencer e dar sua contribuição no novo rebaixamento do rival.
Toda essa situação serviu para empolgar o time.
Emerson está desesperado para tentar escapar de suspensão no seu julgamento hoje.
A diretoria pediu para o departamento jurídico entrar com efeito suspensivo para que jogue.
Ele é um dos mais entusiasmados.
Entre os jogadores, as conversas vão pelo mesmo caminho.
Fazer a vontade dos torcedores e dar o troco nos rivais.
Os atletas até brincaram com os dirigentes.
Não querem bicho extra pela vitória.
Nada disso.
Basta pagar a mesma coisa.
No primeiro turno, o Corinthians jogou com os reservas e ganhou por 2 a 1.
A diretoria do Palmeiras resolveu reduzir o preço dos ingressos pela metade.
Arquibancada no Pacaembu custará R$ 20ou R$ 10meia.
Os corintianos terão direito a duas mil entradas apenas.
Mas o time está muito feliz pela escolha da diretoria palmeirense.
Ela foi contra seus próprios atletas e manteve o jogo no Pacaembu.
Tite é um dos que mais gostaram da decisão.
Ele sabe que o estádio municipal é visto por seus atletas como casa corintiana.
Atrás de uma vitória, Tite montará o time com todos os titulares que puder.
Nada de folga.
Ele quer a vitória até como homenagem a Palaia.
O homem que o mandou calar a boca.
E aos torcedores das organizadas palmeirenses.
Que o fizeram passar pela maior humilhação da sua carreira...
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Hommer