quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sócrates tinha tudo para dar errado no futebol


Ídolo do Corinthians, Sócrates defendeu o clube alvinegro entre 1978 e 1984
Ídolo do Corinthians, Sócrates defendeu o clube alvinegro entre 1978 e 1984
Marcelo Semer
De São Paulo
Dono de um corpo alto e pés pequenos, seu equilíbrio era instável.
Peixe fora d'água no mundo do esporte, preferiu terminar a faculdade, enquanto os colegas de clube treinavam para os jogos.
Manteve durante a toda a vida profissional o espírito libertário, em um dos meios mais conservadores e autoritários, tradicionalmente gerido por déspotas.
Comunista de coração, brilhou no momento em que o futebol descortinava seu lado mercadoria.
Apesar de tudo isso, a ovelha negra não foi excluída do grupo -transformou-o.
Viveu como um ídolo, morreu como um ícone.
Há quem possa dizer que o virtuosismo deu conta das esquisitices e que, afinal de contas, foi o fato de ser craque que garantiu seu sucesso.
Mas Sócrates não será lembrado apenas pelos lances de calcanhar, com o que inteligentemente compensava a falta de velocidade, ou pelos belos gols no Corinthians e na seleção.
O Sócrates jogador nunca se separou do Sócrates cidadão. O Sócrates campeão sempre será o Sócrates da democracia.
Nada melhor o resume do que a mão esquerda levantada, punho cerrado, evocando a mensagem dos panteras negras, ao comemorar cada um de seus gols. Foi assim que jogadores e torcedores o lembraram no Pacaembu.
Sócrates é, sobretudo, uma lição.
Para uma juventude que quer sempre andar na moda e seguir o passo do grupo. Para o conformista que tem pavor das mudanças. Para o ambicioso que só procura consagradas fórmulas do sucesso. Para conservadores e tradicionalistas que receiam qualquer transformação. Para todos aqueles que se orgulham em obedecer os padrões e se animam em apontar dedos para as ovelhas rebeldes a serem sacrificadas.
Uma lição de que é possível jogar luz nos ambientes mais escuros. De que é possível perseguir os sonhos, nas condições adversas. De que não é preciso abandonar convicções para triunfar. Enfim, de que a liberdade não é um valor desprezível.
Como todo ser humano, Sócrates também tinha seus defeitos. Não é um herói, nem um santo. Manteve hábitos irregulares para um esportista e o vício do alcoolismo, que não reconheceu até a morte, custou-lhe preciosos anos de vida.
Morreu jovem e sua vida de contrário terminou em uma inusitada coincidência, domingo, com o Corinthians campeão. Como o sonho dourado de todo ídolo, foi chorado e comemorado ao mesmo tempo.
Corinthians que aprendeu a torcer, respeitar e amar. Sua passagem pelo time transformou a ambos. Nem Sócrates nem o Corinthians foram o mesmo depois.
Mas, passados trinta anos desta experiência comum, muita coisa se perdeu pelo caminho.
O Magrão, símbolo do futebol engajado, foi substituído por Ronaldo, ícone do futebol marketing.
O Corinthians, time do povo, é o que cobra os ingressos mais caros do futebol brasileiro.
O fiel torcedor já não é o mais sinônimo do sofredor e perseverante 12º jogador do time; é uma marca de consumidor preferencial.
Honrar a memória do Doutor é mantê-lo na vida dos contrários, na contramão da submissão ao poder ou ao mercado.
Por tudo isso, o Corinthians devia homenageá-lo dando-lhe o nome do estádio de Itaquera.
Cícero Pompeu de Toledo, Paulo Machado de Carvalho, Governador Magalhães Pinto, Presidente Vargas.
Com raras exceções, nossos estádios têm nomes de políticos ou dirigentes, quem esteve próximo ou exerceu o poder. E como o poder faz tempo já se deslocou para o mercado, a expectativa dos dirigentes é vendê-lo a uma boa marca.
Itaú, Brahma ou Johnson e Johnson. Que torcedor ou boleiro se sentirá à vontade nesse espaço?
Você não preferiria que o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014 fosse dado no estádio Sócrates Brasileiro?
enviado por marcelo sp, link terra
gracias
hommer

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