Sai Orlando Silva, entra Aldo Rebelo. Não muda nada. Pelo contrário, o PC do B continua mandando no Ministério dos Esportes. Ricardo Teixeira ganha um aliado. O companheiro Rebelo virou casaca há anos. Entre os financiadores da candidatura comunista estão patrocinadores da CBF (Ambev, Itaú, Grupo Pão de Açucar) e empreiteiras da Copa (Odebrecht e Mendes Junior).É meu amigo, sinal dos tempos.
Eu dirigia o “Esporte Record” com Wanderley Nogueira na época da CPI da CBF. A boa foi a do Senado. A Câmara chegou a discutir a escalação de Ronaldo. Fala sério. O reserva Edmundo falou que a Nike escalou e o país parou para discutir esquema tático. Juro, hilário. Nossos políticos aproveitaram os holofotes para saber porque o maior artilheiro de todas as Copas pediu e foi escalado numa final de mundial. Ora, qual técnico deixaria no banco? Nenhum.
Ronaldo voltou de titular, ganhou 2002, jogou 2006…
Rebelo mudou o discurso. Na época da CPI, o deputado visitava as redações, trabalhava forte com sua assessoria, divulgando sua participação na investigação de uma empresa com nome estrangeiro, criando imagem de moralizador e nacionalista. Hoje, esta preocupação acabou. O companheiro Aldo Rebelo é um dos mais importantes interlocutores de Ricardo Teixeira no Congresso.
Em compensação, os gastos para sua auto-promoção aumentaram vertiginosamente.
Não sabemos se o suposto esquema do PC do B no Ministério será resolvido. O policial militar João Dias Ferreira, filiado PC do B, envolveu Apolinário Rebelo, vice-presidente do PC do B-DF e irmão do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), no suposto esquema de desvios no Ministério do Esporte, conforme reportagem de Fernando Mello e Maria Clara Cabral, publicada na Folha.
É companheiro, complicado.
Depois da CPI da Nike, a empresa continua patrocinando o Brasil, bem sucedida mundialmente, mantém na sua sede no Oregon uma área exclusiva para Ronaldo Nazário, com estátua do craque e vaga de estacionamento privativa do Fenômeno. Já Aldo Rebelo mudou do futebol para assuntos do meio ambiente e produção rural. Discutir tática agora só do Palmeiras.
Rebelo foi relator da reforma do Código Florestal. Sua proposta desagradou a imensa maioria dos ambientalistas, foi criticada, considerada um retrocesso, até mais condescendente do que a proposta do deputado moto-serra Moacir Micheletto, há dez anos.
Os infratores saíram ganhando, como sempre no Brasil.
Por Fernando Sampaio UOL
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